De forma inesperada, empresas passaram a redirecionar suas atividades de acordo com o contexto da pandemia e com as novas demandas dos consumidores e da sociedade. O comércio eletrônico vinha acumulando uma média de crescimento de aproximadamente 11% ao ano. Durante a pandemia, a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico registrou altas de 41,4% nos pedidos online do segmento de vestuário e de 6,45% nos pedidos de calçados. Os canais mais utilizados após o início da pandemia foram o site da loja (58%), o WhatsApp (38%), o aplicativo da loja (38%) e o Instagram (37%).
O relacionamento com os consumidores passou a acontecer através de lives e contatos digitais. Uma grande flexibilidade de dar acesso ao produto tem sido praticada no delivery e retirada da loja. Diversas ações de solidariedade como doações de máscaras e equipamentos de segurança são observadas.
A presença digital passa a ser condição para operar um negócio de moda. E os canais de atendimento físico precisam estar integrados ao online. Para isto a gestão de CRM será fator decisivo na competitividade dos negócios.
Com a chegada da pandemia, a queda nas exportações brasileiras de calçados foi um dos primeiros impactos. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, as exportações no primeiro trimestre de 2020 tiveram queda de 8,5% em comparação ao mesmo período do ano passado, por conta da Covid-19.
Do ponto de vista da produção, grande parte da cadeia produtiva está sendo afetada por escassez de matéria prima porque muitas das empresas fornecedoras de insumos básicos fecharam ou suspenderam as operações durante a pandemia.
As dificuldades financeiras estão ainda mais presentes nos negócios de moda, onde 90% dos empresários tentaram buscar empréstimo nos últimos meses. 33% indicam que possuem dívidas em atraso, 31% afirmam ter dívidas em aberto, mas ainda estão em dia, e 36% indicam que não possuem dívidas no momento. Com relação as medidas tomadas com os empregados, 36% afirmam que precisaram suspender os contratos de trabalho, 30% optaram por férias coletivas, 12% reduziram a jornada de trabalho, 8% reduziram os salários e 34% não realizaram nenhuma desta medidas.
Estas reações representam a realidade atual do setor e precisam ser consideradas no desenvolvimento de estratégias para os próximos meses. Para auxiliar nesta retomada, percebemos alguns movimentos e tendências no mercado, que nos dão algumas indicações do que poderá ser relevante para o consumidor no futuro próximo.
CONTEÚDO DIGITAL É CONDIÇÃO: O consumidor não permite mais que uma empresa consuma o seu tempo com abordagens tradicionais, que vende característica, qualidade e preço, apenas. Aí entra o grande desafio atual de engajamento: segundos de atenção. É o máximo que o consumidor permite para ver se ali tem algo que vai melhorar o seu dia, humor, bem-estar e se existe uma oferta conveniente para ele. Para conquistar estes segundos, a marca precisa demonstrar duas coisas: referência e autoridade no assunto. E isto se faz com compartilhamento de conteúdo, para que o reconhecimento e a confiança aconteçam. Então, a marca se torna uma opção de compra para esse cliente.
SEGURANÇA PARA TER FLUXO: A reabertura das lojas está acontecendo. Antes de tudo, o consumidor está priorizando a segurança na hora de decidir se vai até a loja física. Para a retomada do fluxo presencial tudo precisa estar adaptado ao novo contexto. 35% das pessoas afirmam que reduzirão as compras em lojas físicas mesmo pós pandemia. Os desafios de trazer o consumidor para a loja são ainda maiores. Focar no que está sendo a principal demanda do consumidor agora será decisivo. Fazer com que o cliente se sinta seguro. Esse processo começa quando ele está em casa. A comunicação digital precisa convencer. Tão importante quanto realizar as ações dos protocolos de segurança é mostrar que está fazendo.
LOW CONTACT: Cuidados com a higiene impactam na prova de produtos. Indicar as medidas das peças, facilitar a entrega e a troca passam a ser formas de compensar a insegurança do uso dos provadores físicos e do toque nos produtos.
ESTOQUES REDUZIDOS: A queda no consumo mostrou que grandes estoques podem representar dificuldades financeiras importantes. Evitando o acúmulo de peças e liquidações com prejuízo financeiro em momentos como esse, as marcas deverão ter estoques mais baixos com o fim da pandemia.
DESIGN ATEMPORAL: Já há uma preocupação com o hiperconsumo e com a geração de resíduos. Os consumidores tenderão a buscar marcas locais e peças de moda mais duráveis, reduzindo o consumo de roupas e calçados por modismo.
PROPÓSITO GENUÍNO: Projeções indicam que clientes comprarão menos e escolherão marcas com base em seus princípios, onde causas sociais e ambientais ganham peso.
CLIQUE E RETIRE: O uso de tecnologias para proporcionar uma experiência de compra personalizada ao cliente e a integração do físico com o digital são tendências que se destacaram durante a pandemia. A grande nova demanda do consumidor tem a ver com conveniência e agilidade. Eles querem comprar no digital e retirar na loja física, com segurança, sem esperar ou pagar pela entrega.
ECONOMIA DA COLABORAÇÃO: Os varejistas irão preferir formar parcerias com os fornecedores que possuem processos e sistemas que facilitam a colaboração. Para qualificar as transações comerciais, os vendedores da indústria precisam estar muito próximos dos compradores do varejo, apresentando as tendências de moda e produtos, qualificando o mix dos varejistas. A colaboração entre compradores e fornecedores é vantajosa nas cadeias do vestuário e calçados, para redução de estoques, aumento da capacidade de produção, otimização logística e redução de custos de desenvolvimento.
VENDA DIRETA ATRAVÉS DO E-COMMERCE: Produtos de moda são os mais vendidos na internet. Segundo dados do relatório Webshoppers, as vendas de produtos de moda através do comércio eletrônico cresceram 16% no Brasil em 2019. Durante a pandemia, este número cresceu 41%, criando novos hábitos de consumo que vieram para ficar, mesmo após as coisas se normalizarem.
Avaliar o conteúdo deste artigo junto com a equipe pode ser uma alternativa para a construção das próximas estratégias da empresa, adaptando ao contexto de cada negócio e testando as ideias com os consumidores, para os quais, compreender o comportamento de consumo nunca foi tão desafiador. Boas vendas!
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